Igreja em Portugal – 1910-1931
A perseguição à Igreja, em Portugal, desencadeada depois da proclamação da República a 05 de Outubro de 1910, em que Bispos, Padres e Religiosos foram expulsos do País, bem como outros vexames à Fé, suscitaram, um pouco por todo o lado, um forte movimento de reparação.
As aparições de Fátima, em 1917, e a resposta tão generosa dos pastorinhos, ao convite para a reparação que Nossa Senhora lhes fez, logo na primeira aparição, ainda tornaram mais sensível esta necessidade de reparar.
Passados os primeiros anos de agressividade, começou o período de renovação e as Congregações religiosas começaram a regressar a Portugal. Entretanto, o culto ao Sagrado Coração de Jesus ia-se propagando, com o sentido de reparação que lhe é próprio.
A ideia da fundação de uma Congregação dedicada à Reparação-Apostolado, começou a crescer e a tomar consistência em algumas pessoas, animadas pelo zelo apostólico, imbuído de sentido do Evangelho.
Assim, um grupo de senhoras, desejosas de se consagrarem a Deus nessa linha de vida, dedicada à adoração reparadora e ao apostolado, juntaram-se no Porto, numa casa na Ramalda Alta, começando a viver em comunidade.
FUNDADORES
FUNDADOR
O Provincial dos Padres Espiritanos, Padre Moysés Alves de Pinho, natural de Fiães, diocese do Porto, foi a pessoa escolhida pelo Bispo do Porto, D. António Barbosa Leão, para organizar e formar as primeiras candidatas à vida religiosa, nessa obra ainda em embrião.
O Padre Moysés começou com entusiasmo e regularidade a organizar a comunidade, mas, dadas as suas ocupações e responsabilidades de Provincial, sentiu um certo embaraço com esta situação, não sabendo onde ir encontrar quem viesse dar a devida formação para a vida religiosa das aspirantes, o que lhe parecia urgente.
FUNDADORA
Vivia, por essa altura, em Lisboa, uma senhora, de nome, Maria das Dores Paes de Sande e Castro, contemplativa com alma missionária, que, enquanto não realizava o seu sonho de se fazer carmelita, pois os cuidados a dar ao pai idoso a isso a impediam, se dedicava à Juventude Católica. Teve conhecimento dessa obra nascente no Porto, consagrada à reparação e apostolado, essa ideia encantou-a. Numa das suas idas ao Porto, encontrou-se com o P. Moysés e falaram sobre a Fundação em causa e a possibilidade de fazer parte dela. O que veio a acontecer a 28 de Fevereiro de 1929.
FUNDAÇÃO DA CONGREGAÇÃO
O P. Moysés que reconhecera em Maria da Dores Paes de Sande e Castro uma boa formação e muitas qualidades, confiou-lhe a direcção dessa comunidade e a formação do pequeno grupo, ao que mostrou um único desejo que se rezasse o Ofico Divino.
Dois acontecimentos marcam o dia 28 de Fevereiro de 1929, Maria das Dores Paes Sande e Castro, entra na Fundação então nascente; e o grupo instala-se na Rua Oliveira Monteiro, actualmente Casa-Mãe da Congregação.
Madre Maria da Santíssima Trindade - nome que Maria das Dores escolheu para Profissão Religiosa – escreve: “Vinha como para uma festa. A palavra dificuldade não tinha para mim significação. Estava disposta a entregar-me de alma e coração, e sentia já amor de Mãe por aquelas que ainda não conhecia mas que iam constituir dali em diante a minha família religiosa. (Livro da fundação)
O Provincial dos Padres Espiritanos continuou como Superior Eclesiástico da pequena Fundação até à sua eleição para Bispo de Angola e Congo e S. Tomé, em 1932.
Nesta altura já a obra estava aprovada como Congregação das Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus erecta canonicamente a 25 de Março de 1931, por D. António Augusto de Castro Meireles que, por morte do Bispo D. D. António Barbosa Leão, sucedera no governo da Diocese.
D, Moysés, após a ordenação de Bispo, não pode continuar à frente da Congregação, contudo, acompanhou-a sempre, como pai espiritual, dirigindo-se a todas as Irmãs, com frequência, através de circulares ou por ocasião das suas vindas a Portugal.
D. Maria das Dores Paes de Sande e Castro, que tomou o nome de Madre Maria da SS.ma Trindade, uma vez entrada em 28 de Fevereiro de 1929, sob a orientação do Sr. D. Moysés e em estrita colaboração começou a organizar a vida comunitária, estruturando-a em conformidade com o espírito e o fim que deveriam caracterizar a Congregação, ou seja, começaram a definir o próprio carisma: reparação.